25 de dezembro de 2013

Uma breve história de Natal

     Bebedeira de Natal e acordando tonto dei com a cabeça na quina da cômoda. Um grande galo me fez refletir o quanto a dor é ruim. Bater a cabeça na cômoda é bem ruim! Mas ter minha cabeça batida nela, talvez fosse interessante. Não sou masoquista, a dor é ruim quando não tem ninguém me causando ela. Sou sadomasoquista mesmo, a única dor boa é aquela que alguém causa, que alguém provoca, xinga e se deleita. O sádico tem que ser sádico, tem que gostar! Isso é um afeto, não o deixa de ser. Essa forma tortuosa de se vincular também é um vínculo, é responsabilidade.
Estávamos em meu quarto completamente bêbados: eu, dois amigos e duas amigas baunilhas. Whisky vai, tequila vem, alguma delas disse que muitos homens gostam de apanhar. Duvidando veementemente, pedi alguns em minha cara :D . Foi tão legal, ela era uma Domme baunilha. Ela só não sabe que é Domme ainda. Uma bofetada, duas... segurou meu cabelo e depois mandou vê. Foi encorajada por todos. Sorte que não tinham câmeras perto. A amiga dela gostou também da idéia e alguns minutos depois estávamos todos marmanjos levando tapa na cara. Apesar de saber como tudo isso começou, eu não tenho certeza de como terminou. Só sei que era algo do tipo “quem agüenta mais?”.
Nessa minha cidadezinha pequena é muito difícil encontrar quem goste de BDSM. Os potencialmente sádicos não conhecem esse mundo. Será que eu tenho culhões pra mostrar pra alguém tudo isso? Da um frio na barriga, afinal, caso a pessoa não goste, o risco é imenso!
Acordando com meu rosto vermelho, já não mais anestesiado, as boas dores causadas por alguém, após muitas fantasias matinais, foram substituídas pela supramencionada dor ruim, e sem alguém pra causá-la, o que me resta é cuidar desse galo e dessa merda de dor de cabeça! Preciso de afeto.

Bom Natal a todos!

15 de dezembro de 2013

Assalto ao Banco Central

   Assalto ao Banco Central, de 2011, é um filme que conta a história do assalto ocorrido ao banco central de Fortaleza, no ano de 2005, por um bando de aproximadamente seis elementos. O líder do bando, Barão, interpretado por Milhem Cortaz, resolve elaborar o plano. Neste plano, através de um túnel, seriam roubados mais de 164 milhões de reais. Sem alarmes, tiros ou oposição, os bandidos executam o roubo, e dias após, momento em que todos deveriam fugir, todos literalmente se ferram, quando o único que sai ileso e com a grana é o mentor Barão.
   Mas o que isso tem a ver com dominação feminina? Ela:

"Carla Gouveia Klocker"- interpretada por Hermila Guedes.

   Desde o início do filme, percebe-se sua postura altiva. A altivez feminina, característica de mulheres dominadoras (esclarecidas ou não sobre fetiches e sobre BDSM), é expressa na forma mais deliciosamente caricata que um filme nacional poderia oferecer. Mesmo sendo aparentemente submissa ao seu marido (Barão), Carla aparece em cima dele nas cenas de sexo iniciais do filme, o que não conotaria uma postura dominante  por si só, se não fossem as indiretas dadas, em uma reunião logo na cena seguinte, para um dos homens que trabalhariam com Barão. Em uma postura dominante, tendo o cigarro como falo em suas mãos, o poder que exalava não haveria de diminuir sua superioridade, mesmo quando na iminente necessidade de acender seu cigarro, a mesma sem isqueiro, pergunta a um suposto ex-afair, na frente de seu marido – tem fogo?

"Tem fogo?"

   Barão entendendo o jogo, continuou o mesmo cara durão de sempre, por todo o filme, e na mais bela congruência a uma das leis básicas da física, tendeu a se afastar de um pólo que obviamente, jamais o iria atrair. Carla com saltos e ironias, age de um modo que deixaria qualquer submisso com as mais perversas fantasias. Talvez alguém que apesar de baunilha tenha tendências submissas, é o personagem Mineiro, interpretado por Eriberto Leão. Mineiro era o personagem que negou o fogo a Carla logo no início, em frente a Barão. No desenrolar do enredo, em aparentes investidas desviadas pela nossa dominatrix e respondidas inclusive com humilhações, o rapaz não desiste. 


   Após o roubo, Carla diverge com Barão a respeito de como o dinheiro haveria de ser usado, e como toda boa Domme, não desiste do que quer. Nesta divergência, para dar o troco, ou conseguir o que queria (não sei qual das duas), Carla liga para Mineiro, que afirmou estar esperando a ligação por dias.



- Quem disse que eu ia ligar? [...]
- E aquele papo de você gostar de homem que manda?
- Mudei de idéia. Agora gosto de homem que obedece.

   

    Enquanto Carla divertia-se com o novo slave Mineiro, o chefão fugia de tentativas de roubo por parte de policiais que sabiam da grana, e sem nem se importar com o telefone tocando com seu marido desesperado em fuga, nossa rainha deliciava-se com um novo brinquedo.
 
  Contudo, apesar de todas as alegrias, o final para esse casal não foi dos melhores, e Carla acaba sendo abandonada por Barão, ficando com Mineiro até os dois serem presos e o chefe do bando fugir zombando de todos.

  Seja pra ver uma Domme, pra ver esse belo filme ou pra ver o retrato no cinema acerca do segundo maior roubo a bancos da América Latina, Assalto ao Banco Central é uma ótima pedida, recomendo a todos.
 

Até a próxima.